OPINIÃO - 02/04/2013
Uma revolução autêntica é a que cria leis que beneficiem as classes menos protegidas pelo poder econômico, que faça uma autêntica reforma agrária, distribuindo terras aos sem-terra, mesmo com o confisco de propriedades improdutivas, e que crie leis trabalhistas beneficiando os que trabalham e produzem os bens da nação, limitando os lucros das classes mais abastadas. E o que vimos após o 31 de março de 1964? Perseguição as sindicalistas, aos universitários (“cérebros” da nação), aos professores (idem), aos intelectuais (os mais temidos pelos regimes de opressão e retrocesso social), bem como aos jornalistas (como Wladimir Herzog) que não se venderam ao poder usurpador.
Todos sabem que os Estados Unidos só apoiam golpes de direita, que entrem em seu “esquema” de domínio do terceiro mundo. Apoiaram todas as ditaduras antipopulares da América Latina (Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Brasil, Argentina, Haiti, etc) por terem sido movimentos que visaram apenas à defesa dos interesses de um pequeno grupo economicamente poderoso e das multinacionais, regredindo nas leis sociais e reformas necessárias.
Quem estudar a história universal verá que desde há séculos as classes sociais lutam, umas pra manter seus privilégios e outras para conquistar posições e melhores condições de vida. Já podemos ver, estudando a Revolução Francesa de 1789, que assim como há os grupos políticos progressistas, que desejam mudanças para melhor nas leis das nações, também existem os conservadores que são contra qualquer mudança que tire uma “lasquinha” de seus privilégios.
Sobre o “Movimento de 64”, que nada mais foi que outro dos muitos golpes militares na América Latina, teríamos muito que escrever, como por exemplo, no capítulo das torturas e dos “desaparecidos” que ficou como uma mancha negra na história do Brasil. Certamente daqui a séculos as futuras gerações lerão quase com descrédito as “proezas” dos generais e subalternos e seus crimes contra o povo; não entenderão como pessoas tão conservadoras uniram-se a grupos nacionais e internacionais a serviço do egoísmo, a fim de não permitirem que os despossuídos tivessem acesso a uma vida mais decente (e isto em nome das “tradições cristãs e democráticas”), como se não tivessem, todos os seres humanos, o direito de suprir suas necessidades básicas para sobreviver com dignidade.
Só o mais extremado egoísmo pode explicar os massacres ocorridos durante o regime militar, contra pessoas que, em geral, nem armas possuíam e apenas desejavam uma sociedade mais justa. Devemos ter muito cuidado para que a situação atual do Brasil não deteriore mais, dando chance para outros aventureiros reacionários fazerem nossa pátria regredir de novo aos tempos da repressão e arbítrio.
*Odilon Blank é professor e escritor - texto publicado originalmente no Riovale Jornal - http://www.riovalejornal.com.br
16 de mai. de 2013
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