OPINIÃO - 28/03/2013
Na época em que ocorreu, o “Movimento de 64” foi intitulado por seus autores como “Revolução de 64” ou até como “Revolução Redentora” pelos mais simpáticos à quartelada. Seus adversários, os cidadãos que desejavam reformas sociais, já prementes naquele período, rotularam-na de “golpe militar”. Hoje, já longe, da época dos acontecimentos que se sucederam após 31 de março de 1964, podemos analisar os fatos com frieza e isenção de ânimos para chegarmos a uma conclusão sobre se foi uma revolução ou simples golpe militar conservador, visando a obstar o progresso social.
O que é uma revolução? Essa palavra tem sido empregada de modo a provocar confusões pois os contrarrevolucionários não gostam de ver-se como tal. Revolução é uma mudança drástica e violenta na estrutura social, existindo a “revolução democrática”, que postula modificações graduais e a “mudança revolucionária”, rápida e sem gradações.
Num golpe de Estado, civil ou militar, os seus agentes privam a nação da ordem legitimamente instituída (como ocorreu no Brasil) com o fim de defender os interesses de uma minoria egoísta e antinacional em detrimento das classes que produzem a riqueza. Procuram acobertar os fatos ocorridos com o uso da violência militar, da intimidação e da eliminação (“desaparecimentos”) dos que se opõem ao golpe (o que também ocorreu em nosso País). Procuram simular que a democracia continua, mas abolem o direito dos cidadãos pela força dos fuzis, sem o consentimento da maioria da nação e sem levar em conta as necessidades básicas de todos os segmentos sociais, anulando e submetendo a outra parte pela força bruta (o que também ocorreu no Brasil).
Foram defendidos os interesses do capital internacional (FMI, EUA e países interessados na “sucção” de nossas riquezas naturais e outras), bem como de parte da burguesia nacional (banqueiros, latifundiários e muitos industrialistas ligados aos interesses estrangeiros). Os banqueiros porque desejavam a continuidade do sistema que aprovava a agiotagem e os lucros astronômicos; os latifundiários porque reprovavam a ideia de qualquer espécie de reforma agrária que pusesse em risco enormes extensões de terras improdutivas então existentes.
O movimento rotulava-se de “anticomunista” e via em cada cidadão que não concordasse com o “terror do Estado” (prisões arbitrárias, torturas e desaparecimentos) em “perigoso subversivo”. Sua “afinidade” com as outras ditaduras de países vizinhos já é o suficiente para identificá-lo como fascista, ultraconservador e antirreformista.
*Odilon Blank é professor e escritor - texto publicado originalmente no Riovale Jornal - http://www.riovalejornal.com.br
16 de mai. de 2013
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