5 de jun. de 2013
"A ditadura mentiu até quando imaginávamos que dizia a verdade" - o caso do "Herzog gaúcho"
A imprensa divulgou o caso chamado "Herzog gaúcho". Mais um caso "paradigmático" do "funcionamento" da ditadura militar de 64 no Brasil, similar ao que aconteceu com o jornalista Vladimir Herzog (ilustração acima), na época da sua morte, 1975, diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo.
"Segundo versão do regime militar, o militante Ângelo Cardoso da Silva se enforcou", mas "Documentos encontrados nos arquivos da Justiça do Rio Grande do Sul, entregues agora à Comissão Nacional de Verdade, poderão derrubar mais uma versão oficial de suicídio".
Veja a reportagem que saiu no jornal O Globo de hoje (05/06/13), onde Suzana Lisbôa, militante dos direitos humanos, profere a frase "lapidar" que está no título desta postagem:
http://oglobo.globo.com/pais/foto-entregue-comissao-da-verdade-revela-herzog-gaucho-8594253#ixzz2VM7pPAOq
Comissão Nacional da Verdade - 1 ano de funcionamento
Para quem está procurando mais informações sobre o período da ditadura militar de 1964 no Brasil e, mesmo, de atos discricionários do governo brasileiro em períodos anteriores, segue parte de uma reportagem publicadas no site do governo federal, bem como links para o site oficial da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e de uma reportagem em vídeo sobre 1 ano de seus importantes trabalhos:
**************
O governo federal instalou a Comissão Nacional da Verdade no dia 16 de maio de 2012 para apurar violações aos direitos humanos e casos de desaparecidos políticos ocorridos no período entre 1946 e 1988 - incluindo a ditadura militar (1964-1985). A Comissão da Verdade foi criada em 2009. A lei que a institui foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em 18 de novembro de 2011.
A Comissão é composta, de forma pluralista, por sete membros, designados pela presidenta da República, dentre brasileiros, de reconhecida idoneidade e conduta ética, identificados com a defesa da democracia e da institucionalidade constitucional, bem como com o respeito aos direitos humanos.
Até o momento [maio de 2013], os estados de Alagoas, de São Paulo, de Pernambuco, de Santa Catarina, do Espírito Santo, Amazonas, Maranhão, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e da Bahia já criaram suas comissões. Os estados de Minas Gerais e do Tocantins devem criar suas comissões em breve. Além dos estados, entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e universidades também criaram suas comissões.
#Reportagem sobre 1 anos de instalçaõa da CNV, com entrevistas e imagens de arquivo muito interessantes:
http://www.youtube.com/watch?v=IqCdm3k89mg&feature=player_embedded#!
FONTE: http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2013/05/21/comissao-da-verdade-completa-um-ano-e-faz-balanco-das-acoes-desenvolvidas
#Site da CNV: http://www.cnv.gov.br/
16 de mai. de 2013
O golpe militar de 64 (II) - por Odilon Blank*
OPINIÃO - 02/04/2013
Uma revolução autêntica é a que cria leis que beneficiem as classes menos protegidas pelo poder econômico, que faça uma autêntica reforma agrária, distribuindo terras aos sem-terra, mesmo com o confisco de propriedades improdutivas, e que crie leis trabalhistas beneficiando os que trabalham e produzem os bens da nação, limitando os lucros das classes mais abastadas. E o que vimos após o 31 de março de 1964? Perseguição as sindicalistas, aos universitários (“cérebros” da nação), aos professores (idem), aos intelectuais (os mais temidos pelos regimes de opressão e retrocesso social), bem como aos jornalistas (como Wladimir Herzog) que não se venderam ao poder usurpador.
Todos sabem que os Estados Unidos só apoiam golpes de direita, que entrem em seu “esquema” de domínio do terceiro mundo. Apoiaram todas as ditaduras antipopulares da América Latina (Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Brasil, Argentina, Haiti, etc) por terem sido movimentos que visaram apenas à defesa dos interesses de um pequeno grupo economicamente poderoso e das multinacionais, regredindo nas leis sociais e reformas necessárias.
Quem estudar a história universal verá que desde há séculos as classes sociais lutam, umas pra manter seus privilégios e outras para conquistar posições e melhores condições de vida. Já podemos ver, estudando a Revolução Francesa de 1789, que assim como há os grupos políticos progressistas, que desejam mudanças para melhor nas leis das nações, também existem os conservadores que são contra qualquer mudança que tire uma “lasquinha” de seus privilégios.
Sobre o “Movimento de 64”, que nada mais foi que outro dos muitos golpes militares na América Latina, teríamos muito que escrever, como por exemplo, no capítulo das torturas e dos “desaparecidos” que ficou como uma mancha negra na história do Brasil. Certamente daqui a séculos as futuras gerações lerão quase com descrédito as “proezas” dos generais e subalternos e seus crimes contra o povo; não entenderão como pessoas tão conservadoras uniram-se a grupos nacionais e internacionais a serviço do egoísmo, a fim de não permitirem que os despossuídos tivessem acesso a uma vida mais decente (e isto em nome das “tradições cristãs e democráticas”), como se não tivessem, todos os seres humanos, o direito de suprir suas necessidades básicas para sobreviver com dignidade.
Só o mais extremado egoísmo pode explicar os massacres ocorridos durante o regime militar, contra pessoas que, em geral, nem armas possuíam e apenas desejavam uma sociedade mais justa. Devemos ter muito cuidado para que a situação atual do Brasil não deteriore mais, dando chance para outros aventureiros reacionários fazerem nossa pátria regredir de novo aos tempos da repressão e arbítrio.
*Odilon Blank é professor e escritor - texto publicado originalmente no Riovale Jornal - http://www.riovalejornal.com.br
Uma revolução autêntica é a que cria leis que beneficiem as classes menos protegidas pelo poder econômico, que faça uma autêntica reforma agrária, distribuindo terras aos sem-terra, mesmo com o confisco de propriedades improdutivas, e que crie leis trabalhistas beneficiando os que trabalham e produzem os bens da nação, limitando os lucros das classes mais abastadas. E o que vimos após o 31 de março de 1964? Perseguição as sindicalistas, aos universitários (“cérebros” da nação), aos professores (idem), aos intelectuais (os mais temidos pelos regimes de opressão e retrocesso social), bem como aos jornalistas (como Wladimir Herzog) que não se venderam ao poder usurpador.
Todos sabem que os Estados Unidos só apoiam golpes de direita, que entrem em seu “esquema” de domínio do terceiro mundo. Apoiaram todas as ditaduras antipopulares da América Latina (Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Brasil, Argentina, Haiti, etc) por terem sido movimentos que visaram apenas à defesa dos interesses de um pequeno grupo economicamente poderoso e das multinacionais, regredindo nas leis sociais e reformas necessárias.
Quem estudar a história universal verá que desde há séculos as classes sociais lutam, umas pra manter seus privilégios e outras para conquistar posições e melhores condições de vida. Já podemos ver, estudando a Revolução Francesa de 1789, que assim como há os grupos políticos progressistas, que desejam mudanças para melhor nas leis das nações, também existem os conservadores que são contra qualquer mudança que tire uma “lasquinha” de seus privilégios.
Sobre o “Movimento de 64”, que nada mais foi que outro dos muitos golpes militares na América Latina, teríamos muito que escrever, como por exemplo, no capítulo das torturas e dos “desaparecidos” que ficou como uma mancha negra na história do Brasil. Certamente daqui a séculos as futuras gerações lerão quase com descrédito as “proezas” dos generais e subalternos e seus crimes contra o povo; não entenderão como pessoas tão conservadoras uniram-se a grupos nacionais e internacionais a serviço do egoísmo, a fim de não permitirem que os despossuídos tivessem acesso a uma vida mais decente (e isto em nome das “tradições cristãs e democráticas”), como se não tivessem, todos os seres humanos, o direito de suprir suas necessidades básicas para sobreviver com dignidade.
Só o mais extremado egoísmo pode explicar os massacres ocorridos durante o regime militar, contra pessoas que, em geral, nem armas possuíam e apenas desejavam uma sociedade mais justa. Devemos ter muito cuidado para que a situação atual do Brasil não deteriore mais, dando chance para outros aventureiros reacionários fazerem nossa pátria regredir de novo aos tempos da repressão e arbítrio.
*Odilon Blank é professor e escritor - texto publicado originalmente no Riovale Jornal - http://www.riovalejornal.com.br
O golpe militar de 64 (I) - por Odilon Blank*
OPINIÃO - 28/03/2013
Na época em que ocorreu, o “Movimento de 64” foi intitulado por seus autores como “Revolução de 64” ou até como “Revolução Redentora” pelos mais simpáticos à quartelada. Seus adversários, os cidadãos que desejavam reformas sociais, já prementes naquele período, rotularam-na de “golpe militar”. Hoje, já longe, da época dos acontecimentos que se sucederam após 31 de março de 1964, podemos analisar os fatos com frieza e isenção de ânimos para chegarmos a uma conclusão sobre se foi uma revolução ou simples golpe militar conservador, visando a obstar o progresso social.
O que é uma revolução? Essa palavra tem sido empregada de modo a provocar confusões pois os contrarrevolucionários não gostam de ver-se como tal. Revolução é uma mudança drástica e violenta na estrutura social, existindo a “revolução democrática”, que postula modificações graduais e a “mudança revolucionária”, rápida e sem gradações.
Num golpe de Estado, civil ou militar, os seus agentes privam a nação da ordem legitimamente instituída (como ocorreu no Brasil) com o fim de defender os interesses de uma minoria egoísta e antinacional em detrimento das classes que produzem a riqueza. Procuram acobertar os fatos ocorridos com o uso da violência militar, da intimidação e da eliminação (“desaparecimentos”) dos que se opõem ao golpe (o que também ocorreu em nosso País). Procuram simular que a democracia continua, mas abolem o direito dos cidadãos pela força dos fuzis, sem o consentimento da maioria da nação e sem levar em conta as necessidades básicas de todos os segmentos sociais, anulando e submetendo a outra parte pela força bruta (o que também ocorreu no Brasil).
Foram defendidos os interesses do capital internacional (FMI, EUA e países interessados na “sucção” de nossas riquezas naturais e outras), bem como de parte da burguesia nacional (banqueiros, latifundiários e muitos industrialistas ligados aos interesses estrangeiros). Os banqueiros porque desejavam a continuidade do sistema que aprovava a agiotagem e os lucros astronômicos; os latifundiários porque reprovavam a ideia de qualquer espécie de reforma agrária que pusesse em risco enormes extensões de terras improdutivas então existentes.
O movimento rotulava-se de “anticomunista” e via em cada cidadão que não concordasse com o “terror do Estado” (prisões arbitrárias, torturas e desaparecimentos) em “perigoso subversivo”. Sua “afinidade” com as outras ditaduras de países vizinhos já é o suficiente para identificá-lo como fascista, ultraconservador e antirreformista.
*Odilon Blank é professor e escritor - texto publicado originalmente no Riovale Jornal - http://www.riovalejornal.com.br
Na época em que ocorreu, o “Movimento de 64” foi intitulado por seus autores como “Revolução de 64” ou até como “Revolução Redentora” pelos mais simpáticos à quartelada. Seus adversários, os cidadãos que desejavam reformas sociais, já prementes naquele período, rotularam-na de “golpe militar”. Hoje, já longe, da época dos acontecimentos que se sucederam após 31 de março de 1964, podemos analisar os fatos com frieza e isenção de ânimos para chegarmos a uma conclusão sobre se foi uma revolução ou simples golpe militar conservador, visando a obstar o progresso social.
O que é uma revolução? Essa palavra tem sido empregada de modo a provocar confusões pois os contrarrevolucionários não gostam de ver-se como tal. Revolução é uma mudança drástica e violenta na estrutura social, existindo a “revolução democrática”, que postula modificações graduais e a “mudança revolucionária”, rápida e sem gradações.
Num golpe de Estado, civil ou militar, os seus agentes privam a nação da ordem legitimamente instituída (como ocorreu no Brasil) com o fim de defender os interesses de uma minoria egoísta e antinacional em detrimento das classes que produzem a riqueza. Procuram acobertar os fatos ocorridos com o uso da violência militar, da intimidação e da eliminação (“desaparecimentos”) dos que se opõem ao golpe (o que também ocorreu em nosso País). Procuram simular que a democracia continua, mas abolem o direito dos cidadãos pela força dos fuzis, sem o consentimento da maioria da nação e sem levar em conta as necessidades básicas de todos os segmentos sociais, anulando e submetendo a outra parte pela força bruta (o que também ocorreu no Brasil).
Foram defendidos os interesses do capital internacional (FMI, EUA e países interessados na “sucção” de nossas riquezas naturais e outras), bem como de parte da burguesia nacional (banqueiros, latifundiários e muitos industrialistas ligados aos interesses estrangeiros). Os banqueiros porque desejavam a continuidade do sistema que aprovava a agiotagem e os lucros astronômicos; os latifundiários porque reprovavam a ideia de qualquer espécie de reforma agrária que pusesse em risco enormes extensões de terras improdutivas então existentes.
O movimento rotulava-se de “anticomunista” e via em cada cidadão que não concordasse com o “terror do Estado” (prisões arbitrárias, torturas e desaparecimentos) em “perigoso subversivo”. Sua “afinidade” com as outras ditaduras de países vizinhos já é o suficiente para identificá-lo como fascista, ultraconservador e antirreformista.
*Odilon Blank é professor e escritor - texto publicado originalmente no Riovale Jornal - http://www.riovalejornal.com.br
2014: 50 anos do famigerado golpe militar
Ano que vem complemtamos os 50 anos do famigerado golpe militar de 1964. Depois de avanços políticos e sociais do Brasil, o Governo Jango foi apeado pela força bruta dos militares, escoltada pela camada reacionária da elite econômica do país e o apoio noret-americano, nutrindo-se da alienação e desinformação de grande parcela da população brasileira. Foram mais de duas décadas de censura, opressão, perseguições e variados descalabros, inclusive uma corrupção que até hoje não foi contabilizado, já que a transparência das relações político-econômicas (ou seja, envolvendo políticos do governo, empresários e outros personagen$) era praticamente inexistentes. Eis mais um balanço que precisa ser feito, assim como vários outros acertos com esqueletos no armário...
Vamos aproveitar para iniciar uma atualização deste blog, nascido para apoiar as atividades de "aniverário" do AI 5 aqui em Santa Cruz do Sul e região, transformando-o, agora, num instrumento de apoio a atividades "comemorativas" ou, melhor, "lamentativas". E também "superativas", no sentido de superação - com total consciência e justiça aos/dos acontecimentos do passado, a partir da deflagração do golpe.
Nas próximas postagens, vamos reproduzir dois textos do professor e escritor Odilon Blank, que "viveu na pele" o período, "os anos de chumbo", e tem há anos publicado textos na imprensa local muito interessantes e importantes para "não deixar esquecer" e, assim, colaborar para evitar retrocessos na vida democrática e da liberdade cidadã no Brasil.
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