Segue abaixo uma contextualização sobre eleições e história santa-cruzense nos anos do regime militar. O texto foi retirado de um artigo do site da Prefeitura Municipal - http://www.pmscs.rs.gov.br/ - "História de Santa Cruz".
Obviamente que se trata de um enfoque - e bastante resumido - do período. Esperamos ter outros vários e um maior detalhamento sobre os acontecimentos locais e interpretações desta conturbada época.
Na foto ao lado, um momento da visita oficial do então presidente (imposto) general Emílio Garrastazu Médici à Fenaf - Festa Nacional do Fumo de Santa Cruz do Sul - em 1972. Vale lembrar que, segundo o historiador Renato Canciam (artigo neste blog), "Médici dispôs de um amplo aparato de repressão policial-militar e de inúmeras leis de exceção, sendo que a mais rigorosa era o AI-5. Por esse motivo, seu mandato presidencial ficou marcado como o mais repressivo do período da ditadura. Exílios, prisões, torturas e desaparecimentos de cidadãos fizeram parte do cotidiano de violência repressiva imposta sobre a sociedade".
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(...)
O governo de Orlando Oscar Baumhardt, que durou cinco anos (1964-68), atravessou a crise nacional que culminou com a deposição do presidente João Goulart e a implantação do regime militar, em 1964. Em Santa Cruz, a Câmara cassou os vereadores Roberto Hartungs e Júlio de Oliveira Vianna, do PTB, mas eles foram reintegrados por decisão do juiz Alfredo Zimmer. No mesmo ano, começava a funcionar o primeiro curso superior, a Faculdade de Ciências Contábeis, no Colégio São Luís. Em 1966, realizou-se a I Festa Nacional do Fumo (Fenaf), foi criado o primeiro Distrito Industrial do Município e o telefone a manivela foi substituído pelo sistema automático. Foram, também, extintos todos os partidos políticos e criados apenas dois: a Arena, para sustentar o regime militar, e o MDB, como oposição. Na eleição de 1968, havendo apenas dois partidos, vigorou pela primeira vez o sistema da sublegenda, possibilitando ao mesmo partido lançar até três chapas para a disputa majoritária, somando todos os votos da legenda para apuração final do vencedor. Com os dois partidos registrando duas sublegendas, a Arena venceu o pleito com Edmundo Hoppe, tendo Edgar Gruendling como vice. No seu segundo mandato (1969-73), Hoppe solidificou o Distrito Industrial, com a entrada do capital internacional no setor fumageiro, e liderou a realização da II Fenaf (1972). Foi inaugurada a rodovia asfaltada entre Santa Cruz do Sul e Pantano Grande (1971) e, no mesmo ano, o Município foi o primeiro do interior do Estado com discagem direta à distância (DDD). Os primeiros orelhões (telefones públicos) foram instalados em 1972. Foi inaugurado o Edifício Dona Paula, primeiro prédio da cidade com mais de quatro pavimentos, ao lado do Clube União, mesmo local em que fora construída aprimeira casa de alvenaria, em 1863, por Carlos Trein. Este período de governo, tanto quanto o anterior, marcou importantes obras de eletrificação e de construção de escolas municipais.
A eleição de 1972 foi conturbada pela divisão do partido do governo, a Arena, que acabou concorrendo com chapa única, contra duas do MDB. A vitória de Elemar Gruendling (MDB) para prefeito, com Ruben Kaempf de vice, foi surpreendente e com pequena margem de votos, graças à soma das sublegendas. Em seu governo, Gruendling criou as secretarias de Planejamento e Coordenação, de Turismo e de Trabalho e Ação Social, fez elaborar o primeiro projeto de Plano Diretor da cidade, deu uma casa própria ao ensino superior, na rua Cel. Oscar Jost, lançou os dois primeiros projetos municipais de habitação popular, implantou o Parque da Gruta como ponto de lazer para a população, lançou a idéia da Oktoberfest em substituição à Fenaf e resgatou o carnaval de rua. Para ointerior, criou as patrulhas agrícolas, investiu em eletrificação rural e construção de escolas. Nesse período (1973-1977), foram inauguradas as obras asfálticas da rodovia Santa Cruz-Mariante (1974) e do Acesso Grasel (1976) e foi comemorado o sesquicentenário da imigração alemã no Estado (1974), com grandes festividades na cidade e nos distritos. Em1976, foi fundado o Riovale Jornal. Para o período 1977-81, a Arena concorreu com número máximo de três candidaturas, enquanto o MDB registrava duas chapas, sagrando-se vencedora a dobradinha Arno J. Frantz-Armando Wink (Arena). O mandato, originariamente de quatro anos, foi prorrogado para seis, para haver coincidência nas eleições gerais de 1982. Neste período, as principais obras municipais foram a construção da nova estação rodoviária, junto à rodovia BR-471, a abertura da Av. Imigrante e a canalização da Várzea.
Em 1978, comemorou-se o centenário de emancipação política de Santa Cruz do Sul, com a realização da III Fenaf. Em 1979, a Gazeta do Sul inaugurou o seu novo equipamento de impressão em off-set e em 1980 foi inaugurada a Rádio Gazeta AM. Na eleição de 1982, já com novos partidos, o vice-prefeito Armando Wink (PDS) foi eleito para um mandato de seis anos (1983-1989), separando novamente as eleições municipais das gerais. Normélio Egídio Boettcher foi eleito vice-prefeito. Santa Cruz começou a ganhar impulso turístico com a realização anual da Oktoberfest, a partir de 1984. Foi criada a secretaria municipal de Saúde e Meio Ambiente, a do Trabalho e Ação Social transformada em Habitação e Serviço Social, e a de Turismo em Indústria, Comércio e Turismo. A crise financeira nacional desembocou no Plano Cruzado do governo Sarney (1986), que só durou nove meses, seguindo-se uma inflação gigantesca de 300% anuais. A Philip Morris anunciou o fechamento de sua fábrica no Município (1985), com 300 desempregados e um grande baque na economia local. Completaram-se as ligações asfálticas até Santa Maria e Sobradinho. (...)
19 de nov. de 2008
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